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Letra
1. Das muitas coisas do meu tempo de criança Guardo vivo na lembrança O aconchego do meu lar No fim da tarde Quando tudo se aquietava A família se a juntava Lá no alpendre a conversar Meus pais não tinham Nem escola e nem dinheiro Todo dia o ano inteiro Trabalhavam sem parar Faltava tudo mas a gente nem ligava O importante não faltava Seu sorriso e seu olhar.
2. Eu tantas vezes, vi meu pai chegar cansado Mas aquilo era sagrado, um por um ele afagava E perguntava quem fizera estripulia E a mamãe nos defendia e tudo aos poucos se ajeitava. O sol se punha e a viola alguém trazia Todo mundo então pedia pro papai cantar pra gente Desafinado, meio rouco e voz cansada Ele cantava mil toadas, seu olhar no sol poente.
3. Correu o tempo e hoje eu vejo a maravilha De se ter uma família, quando tantos não a têm Agora falam do desquite e do divórcio O amor virou consórcio, compromisso de ninguém Há tantos filhos que bem mais que um palácio Gostariam de um abraço e do carinho entre seus pais Se os pais se amassem, o divórcio não viria Chamem a isso de utopia, eu a isso chamo PAZ.